Setembro: Mês da Sensibilização para o Cancro da Tiróide
- Luís Cardoso
- 3 de set. de 2020
- 2 min de leitura
A tiroide é uma pequena glândula, em forma de borboleta, localizada na base do pescoço que produz as hormonas T4 e T3. Estas hormonas exercem importantes funções no organismo, influenciando virtualmente todas as células e órgãos do corpo humano e têm um papel fundamental no metabolismo, controlo do peso, gasto energético, temperatura, aparelho digestivo, desenvolvimento e funcionamento do cérebro e coração (Figura 1).

Assim sendo, é expectável que alterações no seu funcionamento normal provoquem doenças. Na verdade, as doenças da tiroide são muito frequentes na população portuguesa e afetam mais de 1 milhão de pessoas (Figura 2).

Podem resultar de alterações na sua estrutura (por exemplo, nódulos benignos ou malignos) ou na sua função, seja por diminuição da produção das hormonas da tiroide (hipotiroidismo), seja pelo aumento da produção das hormonas (hipertiroidismo). As disfunções da tiroide quando não diagnosticadas atempadamente podem acarretar o risco de desenvolver várias doenças, entre as quais as doenças cardiovasculares, osteoporose ou infertilidade.
Os nódulos da tiroide são muito frequentes, afetando cerca de 6% das mulheres e 1-2% dos homens, mas a sua prevalência é consideravelmente superior quando avaliados através de ecografia cervical (Figura 3). A prevalência aumenta com a idade, de tal modo que são 10 vezes mais frequentes nos indivíduos idosos, que nos jovens. Podem ser detetados acidentalmente durante o exame físico ou através de algum método imagiológico (por exemplo, TAC, ressonância magnética ou ecografia) pedido por outra razão que não a suspeita de doença da tiroide. No entanto, uma parte substancial dos nódulos são detetados pelos doentes, que os identificam pela observação ou palpação do próprio pescoço.

A grande maioria dos nódulos da tiroide não produzem qualquer sintoma e até 60% das pessoas com doenças da tiroide desconhecem que as têm. Porém, a presença de nódulos ou dor cervical, sensação de compressão do pescoço, dificuldade em engolir ou respirar, tosse frequente e prolongada, rouquidão, história familiar de cancro da tiroide ou radioterapia da cabeça e pescoço, em particular durante a infância, são importantes informações, que devem ser transmitidos ao seu Endocrinologista.
Após a identificação de um nódulo da tiroide, importa estabelecer o risco de se tratar ou não de um cancro. Para tal, é fundamental a realização de ecografia da tiroide e, quando indicado, citologia aspirativa (por vezes, designada de biópsia) do nódulo em estudo. Mais de 90% dos nódulos da tiroide são benignos, não necessitam de qualquer tratamento cirúrgico e podem ser mantidos sob vigilância médica. Nos casos de cancro da tiroide, a taxa de cura é muito elevada, pelo que a avaliação, o diagnóstico precoce são fundamentais.
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